Nem tudo que reluz é ouro: a história do garimpo na Amazônia brasileira
Resumen
A atividade mineradora na Amazônia não se desenvolveu por acaso ou em decorrência da descoberta de valiosas jazidas minerais. Ela foi consequência de fenômenos globais como a Segunda Guerra Mundial e a crise do petróleo, além de escolhas políticas nacionais, como a ocupação da Amazônia durante o governo Vargas e o governo militar. Por meio de uma revisão bibliográfica abordando questões relacionadas à história da região Norte e da mineração em diferentes áreas da Amazônia, esta pesquisa objetivou compreender como a atividade mineradora chegou e se desenvolveu na Amazônia brasileira, destacando o contexto político e social que determinou o desenvolvimento dessa atividade nos estados do Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima. Os resultados indicaram que, após a descoberta e popularização do ouro amazônico, uma grande e duradoura migração de pessoas motivada por crises econômicas e incentivos governamentais tornou a mineração um novo nicho produtivo. A mineração desenvolveu tecnologias próprias que permitiram a expansão das áreas de mineração e a produtividade da atividade, que antes era contestada pelo governo e uma das principais fontes de receita oficial em alguns dos estados analisados. O desenvolvimento de novas tecnologias, como jatos d’água e dragas de mineração, também foi identificado como marcos tanto para a expansão das áreas de mineração quanto para as mudanças nas estruturas sociais.
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1 HP, do idioma inglês “Horse Power”, ou “cavalo força”. É uma unidade de medida de força gerada por motores.
2 Disponíveis em: https://sistemas.anm.gov.br/scm/extra/site/admin/default.aspx#

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